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terça-feira, 17 de abril de 2012

POLÍTICA ESTUDANTIL - UMA OCUPAÇÃO POLICIAL DESNECESSÁRIA



Revista Manchete 10 de dezembro de 1977


Ao contrário do que se previa, a greve alastrou-se por outras escolas.

“Uma operação desnecessária”, afirmaram os líderes estudantis ao comentarem a ocupação do campus da Escola de Agronomia, na cidade de Cruz das Almas, no interior da Bahia. Os soldados chegaram na manhã do dia 21 de novembro de 1977 com cassetetes, metralhadoras e bombas de gás lacrimogêneo , para enfrentar uma resistência que afinal não houve.

Diante da falta de reação, a ocupação foi relaxada e horas depois o Reitor Augusto Mascarenhas, da Universidade Federal da Bahia, distribuía uma nota oficial em que afirmava ter pedido a presença da polícia para garantir os alunos que não tinham aderido à greve, que já dura mais de trinta dias. Tão logo a polícia chegou, um soldado com um megafone gritava: “Quem quiser assistir às aulas pode ir que nós garantimos”. Mas ninguém entrou. As consequências da intervenção foram mais amplas, entretanto: no mesmo dia , várias unidades da Ufba aderiram à greve em apoio aos colegas de Agronomia, à frente os alunos de Economia,Geologia, Instituto de Física e Geociências.

INÉDITO

A presença dos policiais armados de metralhadoras e com capacetes protegendo a cabeça quebrou a rotina da tranquila cidade de Cruz das Almas. Muitas pessoas foram até a Escola de Agronomia para observar o espetáculo, que era zelosamente dirigido pelo próprio Secretário de Segurança Pública, o coronel Luis Artur de Carvalho. Este procurou dialogar com os estudantes, que se mantiveram no entanto, impassíveis.
Simultaneamente, o Reitor Mascarenhas advertia que, se a greve persistir, a consequência lógica será a reprovação do semestre.

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